Esportes e exercícios são atividades saudáveis para meninas e mulheres de todas as idades, quando realizado com cuidado para não causar a tríade da mulher atleta. Ocasionalmente, uma atleta que se concentra em emagrecer ou perder peso pode comer muito pouco ou se exercitar demais. Fazer isso pode causar danos a longo prazo para a saúde. Isso pode também prejudicar o desempenho atlético, ou tornar necessário limitar ou parar o exercício.

Três doenças interrelacionadas podem desenvolver-se quando uma garota ou mulher jovem vai aos extremos em fazer dieta ou exercícios. Juntas, estas condições são conhecidas como a “tríade da mulher atleta”.
A Tríade da mulher atleta (TMA) é uma condição que afeta geralmente atletas como ginastas, dançarinas ou levantadoras de peso.
Distúrbios alimentares, amenorreia e osteoporose afetam certos grupos de atletas, muitas vezes ocorrem como sintomas para esta síndrome. Distúrbios alimentares, amenorreia (perda do ciclo menstrual) e o desenvolvimento da osteoporose só afetará negativamente a energia dos atletas.
Cada componente da Tríade da mulher atleta pode ocorrer nas formas leve a grave, com diferentes sintomas e prejuízo na qualidade de vida. Nem todos os componentes precisam estar presentes, mas se um componente é encontrado, o médico deve verificar se a atleta apresenta os outros.
Lesão ligamentar em mulheres
Nas estatísticas de lesões atléticas, a mulher tem uma incidência aumentada de distúrbios patelo-femurais, fraturas por estresse e lesões dos ligamentos, que intensificam com a tríade da mulher atleta.
O risco de lesão é duas vezes maior do que nos homens, especialmente nos esportes que tem instabilidade articular.
Existem diferenças fisiológicas entre homens e mulheres: as mulheres têm uma taxa de gordura corporal mais elevada; menor consumo máximo de oxigênio e hemoglobina; débito cardíaco inferior; e diminuição da massa muscular e força. Além disso, tem: articulação menor; menor tamanho do ligamento; níveis hormonais cíclicos (o ligamento tem maior risco de lesão durante a primeira metade – fase pré-ovulatória – do ciclo menstrual); alinhamento dos pés; e predisposição genética.
Em relação ao ligamento cruzado anterior (LCA), as mulheres possuem menor tamanho de sulco troclear, o que disponibilizaria um espaço mais reduzido para o LCA, facilitando pinçamentos fêmuro-tibiais sobre este. Não obstante, as mulheres possuem um LCA geometricamente inferior quando normalizado para índice de massa corporal, assim como possuem maior ângulo Q.
As mulheres, em geral, possuem maior frouxidão anterior do joelho do que os homens, com sinais de lassidão ocorrendo apenas em adultos, não sendo evidenciado em pré-adolescentes.
A maior lassidão do joelho é inclusive reportada após reconstruções cirúrgicas do ligamento cruzado anterior e uma possível explicação seria o remodalamento do tendão-ligamento ocorrendo a expensas do balanço protéico estrogênio e progesterona dependentes. Nesse sentido, as mulheres são expostas a uma flutuação rítmica dos hormônios endógenos durante o ciclo menstrual, com os valores circulantes de estrogênio e progesterona variando durante o decurso cíclico.
Em condições fisiológicas, os valores do estrogênio circulante aumentam durante a fase folicular e atingem um pico plasmático na fase pré-ovulatória, voltando ao menor nível após a ovulação. Na fase lútea, aumenta novamente em conjunto com a progesterona, alcançando outro pico nesta fase. Durante a menstruação ambos os hormônios permanecem em baixas concentrações.
Existe uma associação entre o estrogênio circulante e lesões do LCA em mulheres atletas. Embora ainda não haja consenso sobre esta relação endócrino-ligamentar, é deveras plausível que alterações das propriedades biomecânicas do LCA ocorram durante o ciclo menstrual.
Nesse contexto, os períodos onde as mulheres estariam mais suscetíveis seriam o pré-ovulatório e na fase lútea, os quais os níveis séricos tanto de estrogênio quanto de progesterona encontram-se mais elevados.
Epidemiologia
A prevalência de irregularidades menstruais, transtornos alimentares e baixa mineralidade óssea (tríade da mulher atleta) varia amplamente na população em geral e na comunidade atlética.
Em mulheres que participam em esportes que enfatizam a estética ou a magreza, como balé ou corrida, a prevalência de amenorreia secundária pode ser tão elevada como 69%, em comparação com 2% a 5% na população em geral.
Transtornos alimentares, incluindo uma gama de irregularidades alimentares, que não são necessariamente critérios para transtornos graves, tais como a anorexia nervosa e a bulimia nervosa, também é bastante comum na comunidade atlética. Mais de 70% dos atletas de elite que competem em esportes de peso estão de dieta e têm algum tipo de padrão alimentar desordenado, com o objetivo de reduzir o peso antes da competição.
A prevalência de baixa densidade óssea mineral na atleta feminina tem sido estudada também. A prevalência de osteopenia varia de 22% a 50% em atletas femininas, com abrangência de 0% a 13% de osteoporose.
Tratamento da tríade da mulher atleta
O tratamento da tríade da mulher atleta deve incluir o reconhecimento da doença, prevenção, correção do déficit de energia, aumentar o cálcio da dieta, manter uma boa saúde óssea, e resumir a função menstrual normal.
Para superar os efeitos da Tríade da mulher atleta, pacientes vão precisar de um tratamento multidisciplinar e uma equipe constituída por um médico, nutricionista, psicólogo e um treinador de atletismo.
Um paciente com história de fraturas por estresse deve se submeter a uma avaliação especializada.
Isto inclui a uma avaliação da história de ciclo menstrual, consulta nutricional, exames de densidade óssea (densitometria óssea) e consulta psicológica para possíveis transtornos alimentares.
Importante um treinamento de força de quadríceps e isquiotibiais, treinamento pliométrico e de agilidade e equilíbrio, citando inclusive, o controverso uso de anticoncepcionais orais.
Programa de treinamento para prevenir lesões ligamentares >
Saiba mais sobre os esportes na gravidez >
A principal meta no tratamento de atletas com desordem alimentar é restaurar seu equilíbrio hormonal. Idealmente, a esportista deve diminuir sua atividade em 10% a 20% e ganhar peso com dietas acima de 2500 calorias, dessa forma sua menstruação pode retornar espontaneamente. Entretanto, em fases de competição, nem sempre é possível diminuir a atividade. Algumas atletas, vítimas da desordem alimentar, são muito resistentes a ganhar peso e os ajustes nutricionais podem ser insuficientes para restaurar a ciclicidade menstrual. Nesses casos, faz-se necessário tratamento de reposição hormonal para evitarmos a perda óssea precoce. Da mesma forma que em mulheres menopausadas, a reposição estrogênica tem se mostrado benéfica para a densidade mineral óssea em atletas amenorreicas. As doses utilizadas na reposição da pós-menopausa podem ser inadequadas para estimular a formação óssea. Tem sido documentado o uso de altas doses de estrógeno na forma de anticoncepcionais orais, que aumentam de forma significante a massa óssea em atletas com amenorréia hipotalâmica. Suplementação de cálcio deve ser feita em todas mulheres com TMA, sendo recomendadas 1500mg diária.
Ademais, sustenta para a mudança da técnica dos gestos esportivos, principalmente nos gestos inadequados de apoio plantar, cortadas e rotação do joelho em posição flexionada.
Referências
– Incidência de lesões musculares e ligamentares em membros inferiores na equipe adulta de futsal feminino da Kindermann UnC
– Estudo de casos : lesões musculoesqueléticas em atletas de voleibol em alto rendimento
TEM ALGUMA DÚVIDA? Então deixe uma pergunta nos comentários abaixo, que será respondida.