Biomecânica do movimento patelar e trajetória da patela
À medida que o joelho flexiona, a patela desliza para baixo ao longo do sulco intercondilar (tracking patelar). Um alinhamento ideal da patela nesse sulco é importante para a saúde da articulação. Isso permite uma maior área de superfície na articulação para dissipar forças e assegura que essas forças se espalhem igualmente.

Um dos estabilizadores passivos é o encaixe ósseo da patela no sulco intercondilar. Quanto melhor o encaixe, mais fácil é o movimento patelar.
É importante na biomecânica do movimento patelar entender que esse encaixe é variável. Infelizmente, isso não é algo que se pode resolver cirurgicamente e algumas pessoas têm problemas de luxação patelar.

Displasia da tróclea >
Luxação da patela >
Condropatia patelar >
Pessoas com a patela hipermóvel têm demonstrado estar em maior risco de desenvolver Síndrome de Dor Femoropatelar (SDFP). Na SDFP existe um stress generalizado aumentado na parte lateral da articulação patelofemoral. Isso irá ocorrer por uma variedade de razões, mas uma causa potencial para isto pode ser rigidez na parte lateral da perna. Estas estruturas potencialmente rígidas incluem:
- Ligamento lateral patelofemoral.
- Trato iliotibial.
- Retináculo lateral.
Rigidez no trato iliotibial coloca tensão diretamente na patela através do retináculo lateral teoricamente puxando a patela lateralmente e causando mal-alinhamento. Isso aumenta o estresse na parte lateral da articulação. Felizmente, como iremos discutir adiante, normalizar a biomecânica do movimento patelar e sua flexibilidade tem se mostrado um preditor daqueles que se reabilitam da síndrome de dor femoropatelar.
Tenha em mente que não é somente a rigidez da parte lateral da perna que causa problemas. Podemos também ter frouxidão, fraqueza ou atraso de ativação dos estabilizadores mediais.
Frouxidão ou fraqueza destas estruturas pode fazer com que haja lateralização da patela durante seu trajeto no sulco intercondilar durante o exercício. Algumas destas estruturas são:
- Cápsula articular.
- Ligamento meniscopatelar lateral.
- Retináculo medial.
- Ligamento patelofemoral medial.
- Quadríceps (Vasto Medial Oblíquo).
- Músculos da pata de ganso.
- Bíceps femoral.
Lembre-se que o Vasto Medial Oblíquo (VMO) é um estabilizador medial ativo do joelho. Indivíduos com Síndrome de Dor Femoropatelar tendem a ter um atraso de ativação dessas fibras oblíquas do Vasto Medial. Uma falta de controle desse músculo pode alterar a trajetória patelar. .
Estresse femoropatelar
Na biomecânica do movimento patelar, quando desempenhamos movimentos como agachar, correr e subir um lance de escadas, a articulação femoropatelar é estressada. Não importa quão perfeita é a técnica ou quão forte é o indivíduo, a articulação irá receber estresse durante estes movimentos. Também tenha em mente que ela foi concebida para lidar com este estresse e tem uma cartilagem muito durável capaz de lidar com as forças aplicadas durante estas atividades.
No entanto, as vezes o estresse é tanto que o joelho torna-se sintomático. Esse é um conceito central na Síndrome de Dor Femoropatelar (SDFP). Ainda, quando em recuperação de SDFP devemos nos assegurar de não sobrecarregar demais a articulação, mas, ao invés, aplicar a dose correta de estresse para que ela se recupere.
Existem 2 aspectos na biomecânica do movimento patelar a serem entendidos quando se discute estresse na articulação patelofemoral
A primeira é a quantidade total da área de superfície disponível na articulação para dissipar força.
Um conceito central a ser entendido na biomecânica do movimento patelar é que uma superfície maior de contato dissipa força mais facilmente do que uma superfície menor. Em outras palavras, a mesma força aplicada a uma grande área de superfície ira gerar menos força por cm² do que se fosse aplicada em uma área de superfície menor.
Esse ponto é bastante complexo:
- 0° de flexão do joelho = sem contato entre patela e fêmur.
- 0-90° de flexão = área de superfície de contato aumenta constantemente (Efeito de embrulho inicia aos 70°, quando o tendão patelar também entrar em contato com a tróclea, aumentando a área de contato).
- ~90° de flexão = máxima área de superfície de contato entre patela e fêmur.
- 90-135° de flexão = área de superfície de contato diminui.

O segundo princípio a ser entendido são forças de reação articulares e a contração do quadríceps. Basicamente, quanto mais o joelho flexiona e quanto mais forte a contração do quadríceps, maior a força na articulação femoropatelar. Em termos mais simples, à medida em que agachamos as forças na articulação patelofemoral aumentam de forma constante.

Portanto, a despeito do aumento da área de superfície de contato à medida em que alcançamos os 90° de flexão do joelho no agachamento, as forças patelofemorais aumentam substancialmente e não são compensadas pelo aumento da área de superfície da articulação. Então atividades que requerem mais flexão do joelho tendem a estressar mais o joelho.
Note que atividades que requerem mais flexão do joelho tendem a colocar mais estresse na articulação:
- 1,3 x o peso corporal durante a marcha.
- 3,3 x o peso corporal durante subir escadas.
- 5,6 x o peso corporal durante a corrida.
- 7,8 x o peso corporal durante uma flexão profunda do joelho ou agachamento.
Pensa-se que a síndrome de dor patelofemoral ocorre devido à sobrecarga na articulação. A partir das informações acima podemos facilmente ver que correr e agachar podem criar dor no joelho se feitas em demasia e porque escadas podem irritar o local uma vez que o quadro de síndrome de dor patelofemoral já esteja instalado. Isso também ajuda a explicar porque aqueles que fazem agachamentos profundos em demasia são suscetíveis à dor no joelho.

Outro fator que pode aumentar o stress na articulação é a rigidez no grupo muscular do quadríceps. Isto é documentado como um problema de compressão femoropatelar, uma alteração da biomecânica do movimento patelar. O quadríceps insere diretamente na patela e então o tendão patelar insere na tíbia. Isso forma uma alça. À medida que o joelho flexiona cada vez mais, a alça enrijece e comprime a patela no sulco intercondilar, causando compressão na articulação.
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Isso é potencialmente a razão pela qual pacientes que sofrem com síndrome de dor femoropatelar também sentem dor com períodos prolongados sentados. Eles simplesmente estão sentados em uma posição que comprime a articulação por um longo período de tempo e pode eventualmente causar dor.
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