Osteonecrose do joelho

Deve ser separada a osteonecrose do joelho em duas categorias: osteonecrose primária, também conhecida como osteonecrose idiopática, e osteonecrose secundária. Está última tem uma causa definida: infecção, uso de corticoide, alcoolismo, trauma direito, etc.

Osteonecrose idiopática

A osteonecrose do joelho idiopática manifesta-se como dor aguda no joelho de pacientes idosos. Ela é três vezes mais comum em mulheres que em homens. Foram propostas as teorias vascular e traumática como fator etiológico da osteonecrose do joelho, mas a causa exata permanece no campo especulativo.

Alto grau de suspeição clínica, boa anamnese e bom exame clínico são essenciais para um diagnóstico preciso e precoce. Radiografias simples são frequentemente normais nos estágios iniciais da doença e, em tais casos, a cintilografia óssea e a ressonância magnética podem ser úteis.

Na fase inicial da doença o tratamento conservador está indicado e muitos pacientes têm evolução benigna, com alívio da dor e boa função articular.

O que é necrose?

Necrose é o termo técnico que se refere à morte de várias células de um órgão. Então, quando falamos osteonecrose no joelho, nos referimos à morte das células dos ossos. O fêmur é o osso que mais sofre com osteonecrose. O fêmur é o osso da coxa e ele faz parte de duas articulações: o joelho e o quadril. A cabeça do fêmur é a parte que compõe a articulação do quadril, enquanto os côndilos do fêmur são a parte que compõe a articulação do joelho.

Locais de acometimento

O quadril é mais suscetível à osteonecrose do que o joelho. Independentemente se ocorrer no quadril, joelho ou em qualquer outro lugar do corpo, a osteonecrose é uma doença de difícil tratamento e pode causar o desgaste precoce da articulação, ou seja, a artrose. Assim, pessoas muito jovens podem sofrer com artrose, apresentando dor, deformidade, dificuldade para se locomover e de realizar movimentos com o joelho.

Outros locais onde pode ocorrer a osteonecrose:

  • Ombro: na cabeça do úmero;
  • Punho: no semilunar ou no escafoide;
  • Tornozelo: no tálus.

Osteonecrose do joelho

A osteonecrose do joelho idiopática (ON) é uma síndrome caracterizada clinicamente por dor no joelho, particularmente na região do côndilo medial do fêmur (localização mais comum), com início súbito e intenso. Essa dor súbita frequentemente faz com que o paciente descreva com exatidão o dia e hora de início dos sintomas, sendo esta uma das características marcantes da doença.

A osteonecrose do joelho é caracterizada pela interrupção do suprimento de sangue e leva a morte daquela região do osso, o que causa dor intensa e pode também provocar uma artrose na articulação.

A fisiopatologia da osteocondrite não é comparável à da osteonecrose, que é uma doença do osso subcondral e não da cartilagem articular. Há duas teorias no estudo da etiologia da osteonecrose espontânea: a vascular, em que a elevação da pressão na medula óssea levaria à isquemia óssea, e a traumática, na qual microfraturas subcondrais dão início ao processo. Esta última teoria explicaria muitos dos casos de osteonecrose que se seguem à meniscectomia.

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Quadro clínico da osteonecrose do joelho

A queixa principal é de dor que surge de modo agudo, seguindo com inchaço do joelho, dificuldade para apoiar o membro acometido e andar até em menores distâncias.

Ainda como característica da dor, observa-se sua ocorrência noturna, a piora com a atividade, a melhora com o repouso, a não resposta à fisioterapia e aos anti-inflamatórios.

No exame físico observamos sinovite com leve derrame e pequena diminuição da amplitude articular. A palpação da interlinha articular, bem como dos côndilos femorais e tibiais, em pontos localizados, pode despertar dor. A dor na interlinha articular pode sugerir lesão meniscal, que é certamente o diagnóstico diferencial mais importante.

A meniscectomia, quando realizada, mesmo por via artroscópica, a partir de 40 anos já propicia resultados duvidosos e é contra-indicada na terceira idade, quando frequentemente se confunde a meniscopatia degenerativa com a lesão sintomática. Nesses casos o mau resultado das meniscectomias quase sempre é associado à osteonecrose do joelho, que se instala ou já estava instalada no joelho.

Diagnóstico da osteonecrose do joelho

O diagnóstico é confirmado com o auxílio de radiografias e ressonância magnética.

A radiografia convencional e a cintilografia óssea permanecem como exames fundamentais na investigação da osteonecrose do joelho, no entanto, a ressonância magnética nuclear (RM) é atualmente considerada meio complementar de diagnóstico ouro.

Osteonecrose do joelho

Opções de tratamento para a osteonecrose do joelho

A osteonecrose do joelho é uma doença progressiva: primeiro, ela provoca a morte das células do osso; depois, o osso desaba (assim como ocorre com um prédio quando destruímos suas colunas estruturais); e, por fim, desenvolve-se a artrose.

Diferente do quadril, no joelho a osteonecrose inexoravelmente provoca artrose. Não existe ainda tratamento reconhecidamente eficaz para interromper o desgaste da articulação, mas empregamos tratamentos semelhantes aos utilizados no quadril na tentativa de frear a destruição provocada pela doença.

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Eu preciso operar para osteonecrose no joelho?

Tratamento conservador da osteonecrose do joelho

O tratamento inicial da osteonecrose do joelho inclui a retirada da carga sobre o membro acometido, medicações, ondas de choque e reabilitação com fisioterapia. Quando não há resultado no tratamento e o quadro evolui para alterações degenerativas que podem afetar toda a articulação, uma cirurgia de artroplastia do joelho ou osteotomia pode ser recomendada.

Tratamento operatório da osteonecrose do joelho

As perfurações do côndilo femoral após remoção de fragmento destacado ou através de fragmento estável ou a artroplastia por abrasão realizados por via aberta ou artroscópica não têm indicação na fase inicial da osteonecrose do joelho, pois seria como avançá-la para fases mais tardias e de pior prognóstico. Eventualmente, o paciente pode beneficiar-se da remoção artroscópica dos raros corpos livres que podem aparecer no decorrer da doença.

As opções de tratamento cirúrgico para osteonecrose do joelho são a descompressão, osteotomia e artroplastia do joelho.

A cirurgia de descompressão consiste em realizar perfurações no osso doente na tentativa de diminuir a pressão dentro do osso e, por conseguinte, melhorar a circulação sanguínea local.

A osteotomia consiste em realinhar o membro inferior de modo que reduza a carga sobre a área acometida.

A artroplastia, por sua vez, consiste em substituir a articulação doente por uma prótese de material metálico (geralmente, liga de cromo-cobalto).

Referências:

– Osteonecrose idiopática do joelho
– Artroplastia unicompartimental do joelho no tratamento da osteonecrose primária do côndilo femoral medial

Perguntas Frequentes:

Quais são as consequências da osteonecrose?2020-03-23T13:11:20-03:00

Não se sabe bem porque as células do osso subcondral começam a morrer, mas isso tem consequências graves para a articulação. Podemos comparar essa situação a um prédio cujas colunas estruturais são destruídas. Em algum momento, esse prédio desabará e a consequência será morte da cartilagem e artrose.

O que podemos esperar do tratamento da osteonecrose?2020-03-23T13:14:22-03:00

O tratamento, seja conservador ou cirúrgico – combinados ou não –, tem como objetivo diminuir o risco de desabamento da articulação e o desenvolvimento da artrose. Quando o tratamento é bem-sucedido, evitando o desabamento e a degradação da articulação, é recompensador, pois o paciente não precisará, tão logo, ser submetido à artroplastia (cirurgia para colocar prótese) ou artrodese (cirurgia para fusão da articulação).

O que é necrose no joelho?2020-03-23T13:14:40-03:00

A osteonecrose, também conhecida necrose avascular, é caracterizada pela morte do tecido ósseo de determinada parte do joelho por falta de irrigação sanguínea. Ela pode ser idiopática espontânea ou secundária.

2023-10-22T20:50:01-03:00

Sobre o Autor:

Dr. Márcio R. B. Silveira, formado em 2006 pela faculdade federal de medicina da Universidade de Brasília (UnB), com especialização, no ano de 2009, em Traumatologia e Ortopedia pela residência da SES / DF, com subespecialização, no ano de 2012, em cirurgia do joelho e trauma esportivo em Belo Horizonte / MG, acompanhando os médicos do Cruzeiro Esporte Clube nos hospitais Maria Amélia Lins, Lifecenter, Belo Horizonte, Belvedere e João XXIII. Médico ortopedista especialista em Traumatologia com foco em Esportiva (ombro, quadril, tornozelo, pé, cotovelo), Cirurgia do Joelho, Adulto e Infantil, e Ortopedia do Idoso em Brasília / DF.

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