A síndrome do túnel cubital ou ulnar é uma doença que se caracteriza pela compressão do nervo cubital ou nervo ulnar a nível do cotovelo, originando uma neuropatia cubital. Nas fases iniciais, a neuropatia cubital é essencialmente sensitiva, manifestando-se por sintomas sensitivos, como adormecimento ou parestesias a nível da região cubital (interna) da mão. Com a evolução da compressão e consequente lesão do nervo cubital, ocorre atingimento das fibras motoras do nervo, originando atrofia dos músculos inervados pelo nervo cubital abaixo do cotovelo.

Dr. Márcio Silveira: Ortopedista Especialista em Traumatologia Esportiva, Joelho - Adulto e Infantil - e Idoso nervo cubital

Causas

Embora em cerca de 10-30% dos casos não seja possível identificar uma causa (casos idiopáticos), as causas mais frequentemente identificadas são:

Compressão direta do nervo a nível do cotovelo pelo posicionamento do braço ou pelo espessamento das estruturas à volta do nervo ou pela presença de um músculo “extra” sobre o nervo que o impede de funcionar normalmente;
Estiramento do nervo pelo posicionamento prolongado do cotovelo em flexão , que origina diminuição da área do túnel e aumento da pressão no seu interior;
Subluxação do nervo com a mobilização do cotovelo, que causa irritação do nervo;
Sequelas de trauma do cotovelo;
Artrose do cotovelo;
Alterações metabólicas (ex: diabetes).

Sintomas e diagnóstico

O diagnóstico do síndrome do túnel cubital é essencialmente clínico. A sintomatologia permite ao ortopedista fazer o diagnóstico na maior parte das situações.

Muitos doentes recorrem ao médico ainda na fase inicial da doença ou com formas ligeiras de compressão, em que os sintomas são sobretudo sensitivos. Nestas situações, o doente refere sobretudo adormecimento ou parestesias do 4º e 5º dedos da mão, muitas vezes associadas a dor na face interna do antebraço e cotovelo.

À medida que a situação agrava, os doentes começam a referir fraqueza da mão, uma vez que o nervo cubital é o principal responsável pela inervação da musculatura intrínseca da mão. Em casos graves ou de evolução arrastada, pode existir atrofia marcada dos pequenos músculos da mão e músculos da região cubital do antebraço.

O exame clínico é muito importante, na pesquisa de sinais de compressão do nervo cubital a nível do cotovelo, como a garra do 4º e 5º dedos (por hiperextensão das articulações metacarpofalângicas e flexão das interfalângicas) e a atrofia da musculatura intrínseca da mão. Existem ainda diversos testes clínicos, direcionados para a avaliação da função sensitiva ou motora, que ajudam o ortopedista a confirmar o diagnóstico.

A eletromiografia e os estudos de condução nervosa são exames que podem ajudar não só a confirmar o diagnóstico, mas também a localizar o nível de compressão e excluir outros locais de compressão ou outras patologias.

Diagnóstico diferencial comepicondilite medial do cotovelo >

Tratamento

O tratamento conservador é geralmente o procedimento de primeira escolha, sobretudo nos casos de compressões ligeiras do nervo cubital.

Este tratamento deve começar com o uso de anti-inflamatórios não esteroides e a modificação da atividade, em que os doentes devem evitar posições e atividades que combinam flexão do cotovelo e pressão no nervo, tais como, falar ao telefone, apoiar o cotovelo fletido, dormir sobre o braço e com o cotovelo fletido.

O uso de uma tala noturna que mantém o cotovelo em extensão pode ser uma opção em alguns casos. Existem ainda ortóteses que protegem o nervo da compressão direta e que podem ser usados durante todo o dia.

A fisioterapia também pode ser útil e deve incluir exercícios de alongamento muscular e deslizamento nervoso.

Cirurgia no síndrome do túnel cubital

O tratamento atualmente aceite para os casos em que o tratamento conservador não se revelou eficaz e nos doentes com sintomas significativos de dor e parestesias ou fraqueza com atrofia da musculatura intrínseca da mão devido a compressão nervosa no cotovelo, é a descompressão cirúrgica do nervo cubital.

A cirurgia consiste numa incisão na pele da região posterior e interna do cotovelo para a libertação do nervo cubital no seu túnel e, quando necessário, é feita a sua transposição para uma posição anterior no cotovelo. A operação é feita sob anestesia geral e tem a duração aproximada de 30 minutos.