Canto Póstero-Lateral do Joelho (luxação do joelho)
O canto póstero-lateral do joelho é um complexo ligamentar que conecta o fêmur na tíbia e fíbula, na região lateral (externa) do joelho, com a função de auxiliar na estabilidade do joelho, não permitindo que o joelho luxe lateralmente. Também tem ação na estabilidade rotacional do joelho, restringindo a rotação externa da tíbia.
Uma vez lesionado, tem pouca capacidade de cicatrização, deixando o joelho instável. É formado por diversos ligamentos, sendo os principais: Ligamento Colateral Lateral; Tendão do Poplíteo e Ligamento Poplíteo-Fibular.
Causas de Lesão do Canto Póstero-Lateral
O mecanismo de lesão clássico do rompimento destes ligamentos do canto póstero-lateral, é com luxações do joelho, sendo a mais frequente aquela em que o pé fica fixo ao solo, o joelho vai para fora (estresse em varo). São lesões pouco comuns em modalidades esportivas.
Mais comum em acidentes com alta energia, como queda de motos. As lesões do canto póstero-lateral geralmente ocorrem associadas a lesões do Ligamento Cruzado Posterior ou do Ligamento Cruzado Anterior.
>>> Ruptura do ligamento cruzado anterior >>>
>>> Lesão do ligamento colateral medial >>>
Sintomas
Como geralmente está associada a outras lesões, os sintomas vão depender dos outro ligamentos rompidos. Um sintoma específico da insuficiência do canto póstero-lateral, que pode estar presente, é o desvio em varo do joelho durante a marcha, ou seja, ao apoiar o membro lesionado ao solo, o joelho tende a ir para fora, causando o que é chamado flambagem ou “varus thrust.” Além disso, o paciente pode sentir desconforto e instabilidade neste momento, e relatar que o joelho está “entortando para fora”.
Diagnóstico
Assim como os ligamentos cruzados, são utilizados 3 elementos para o diagnóstico de lesões do canto póstero-lateral:
1- A história do paciente, com os dados do momento da lesão e os sintomas relatados, conforme acima citados.
2- O exame físico realizado por ortopedista com experiência no tratamento destas lesões, geralmente especialista em cirurgia do joelho. O exame clínico é fundamental, pois é possível sentir a ação do ligamento e graduar quanto de instabilidade está presente, podendo até diferenciar uma lesão parcial de uma lesão total do ligamento. O exame sempre leva em comparação o outro joelho (não lesionado). Além, como a luxação do joelho é um evento grave, é fundamental avaliar a perfusão sanguínea do membro afetado.
3- Exames de imagem: Radiografias, Tomografias e Ultrassonografia pouco ajudam. O exame que auxilia é a Ressonância Magnética. Apesar de ser um excelente exame, muitas vezes deixa dúvida se a lesão é parcial ou total.
Para diferenciar se a lesão do canto póstero-lateral é parcial ou completa é muito importante um bom exame clínico.
Tratamento da lesão do canto póstero-lateral
Lesões isoladas e parciais do canto póstero-lateral geralmente não geram instabilidade, portanto não causam sintomas e não é necessária a realização do procedimento cirúrgico. O tratamento é com fisioterapia e analgesia inicialmente seguido de fortalecimento, treino proprioceptivo e treino do gesto esportivo em questão.
Já nos casos sintomáticos, com lesões de outros ligamentos associados, deve-se tratar cirurgicamente, com a reconstrução do ligamento central associado (LCP ou LCA ou ambos), e também com a reconstrução dos ligamentos do canto póstero-lateral. Geralmente realizamos todas as reconstruções no mesmo ato operatório. Em casos em que todos os ligamento romperam (LCA, LCP, LCM e Canto), operamos inicialmente o LCP e estruturas laterais e medias, e em outro tempo cirúrgico o LCA.
Pós-operatório da reconstrução do canto póstero-lateral
É fundamental a realização de fisioterapia após a cirurgia para reparo ou reconstrução do canto póstero-lateral. Devido ao período de integração do enxerto, existem exercícios que são permitidos e outros não, e ao longo da reabilitação, conforme o passar das semanas, novos exercícios vão sendo introduzidos. É importante que o fisioterapeuta tenha experiência e conhecimento dos protocolos de reabilitação para uma boa recuperação e para não ocasionar lesões no enxerto.
De forma geral, o paciente fica de um a dois dias internado. Fica com imobilização por 6 semanas, com o joelho em extensão, porém a retira na fisioterapia para realizar mobilização passiva assistida pelo fisioterapeuta. Inicialmente, a ênfase é no ganho de mobilidade do joelho, analgesia e exercícios isométricos. Após o segundo mês, os exercícios são intensificados, e após o quarto mês, a ênfase é no fortalecimento final e nos exercícios de propriocepção (treino de equilíbrio).
Retorno para atividades
O objetivo da reabilitação é que o paciente possa retornar ao esporte ou à atividade o mais rápido e seguro possível. Se o retorno for precoce, existe o risco de agravar a lesão, causando danos permanentes ao paciente. Além disso, a carga de treino tem de ser gradual.
No final do oitavo mês, estando a musculatura semelhante ao outro membro, e o equilíbrio restaurado, o paciente pode estar apto a retornar a suas atividades.
Referências:
- Lesões do canto posterolateral do joelho: uma revisão completa da anatomia ao tratamento cirúrgico
- Injuries to the Posterolateral Aspect of the Knee: Association of Anatomic Injury Patterns with Clinical Instability