Estatisticamente, os estiramentos na parte posterior da coxa (isquiotibiais) são uma das lesões de tecidos moles mais comuns em todos os esportes. Este tipo de lesão é frequentemente citada como uma das mais vistas quando se fala em recidiva.

Anatomia dos Isquiotibiais

Este grupo é composto de 4 músculos: Semimembranáceo, Semitendíneo e as cabeças longa e curta do Bíceps Femoral.

O semitendíneo e o semimembranáceo se originam na parte posterior da tuberosidade isquiática, inserindo-se distalmente na parte medial da tíbia e na fáscia poplitea.

Dr. Márcio Silveira: Ortopedista Especialista em Traumatologia Esportiva, Joelho - Adulto e Infantil - e Idoso anatomia isquios

O bíceps femoral é dividido em cabeças longa e curta, tendo diferentes inserções e fibras em diferentes direções. A cabeça longa tem a origem proximal no parte lateral-posterior da tuberosidade isquiática e ligamento sacrotuberoso, enquanto que a cabeça curta se origina na linha áspera e crista supracondilar lateral do fêmur. Ambos se misturam, se inserindo distalmente no processo estilóide da fíbula e côndilo lateral da tíbia, correndo diretamente no ligamento colateral lateral do joelho.

Marcha normal >

Função dos Isquiotibiais

Funcionalmente, os ísquios agem como estabilizadores excêntricos do joelho e da articulação sacroilíaca, e como sinergistas concêntricos de extensão do quadril.

Primariamente, os músculos semitendíneo e o semimembranáceo agem como estabilizadores excêntricos do joelho durante a porção inicial da fase de apoio na marcha, fazendo uma co-ativação para limitar uma translação anterior da tíbia, juntamente com o músculo poplíteo e o ligamento cruzado anterior. Além disso, eles também agem como sinergistas, assistindo os glúteos na extensão do quadril.

O bíceps femoral serve como um importante desacelerador excêntrico da extensão do joelho durante a fase de balanço da marcha. Além disso, por causa da sua inserção na tuberosidade isquiática, o bíceps femoral ajuda a estabilizar a articulação sacroilíaca através de uma contração isométrica durante o contato do pé com o solo.

Fatores de Risco

Dentre os fatores de riscos, as características próprias dos músculos desempenham um importante papel. O desequilíbrio muscular, comparando os dois lados do corpo e a relação entre Isquiotibiais e Quadríceps é um dor fatores encontrados.

O gesto do atleta também é um fator predisponente de lesão. A inclinação anterior da pelve, durante a aceleração na corrida, aumenta a tensão sobre a musculatura. O encurtamento do iliopsoas e o desequilíbrio da musculatura abdominal e lombar também podem promover uma anteversão da pelve, e colocar o grupo muscular em desvantagem mecânica por aumentar a tensão muscular no fim da fase de balanço da marcha.

As lesões são mais comuns nas competições do que nos treinamentos e atletas que devido a suas posições desempenham corridas, também sofrem um maior risco. No futebol, as lesões no lado dominante têm maior gravidade, pois estão correlacionadas com o movimento do chute.

A lesão prévia é o fator de risco mais correlacionado com novas lesões. A recidiva da lesão, após o retorno ao esporte, permanece como a principal complicação dessa patologia. Taxas de relesões são relatadas entre 14-63% em até dois anos após a primeira lesão.

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Sinais e Sintomas

A gravidade dos sintomas irá se apresentar de acordo com as características da lesão, que podem variar desde um estiramento das fibras musculares a uma avulsão dos tendões. Entretanto, independentemente do grau da lesão, as lesões são muito mais comuns proximais do que distais, sendo a cabeça longa do bíceps femoral o músculo (CLBF) mais frequentemente lesado.

O paciente pode apresentar: dor local, hematoma, perda de função, dor para contrair a musculatura acometida e, em lesões mais graves, pode ser possível palpar o GAP (espaço entre as fibras lesionadas).

Prevenção

Visto a alta taxa de incidência e recorrência da lesão e o tempo de afastamento da prática esportiva, a prevenção de uma lesão primária ou da recidiva da lesão é fator fundamental para atletas que pratiquem modalidades esportivas relacionadas ao mecanismo de lesão. Um programa de prevenção irá variar de acordo com o gesto esportivo e, geralmente inclui um protocolo de exercícios.

Vários autores já mencionaram o exercício Nórdico como parte integrante do programa preventivo de jogadores de futebol.

Dr. Márcio Silveira: Ortopedista Especialista em Traumatologia Esportiva, Joelho - Adulto e Infantil - e Idoso Nordico 1

O resultado mostrou que, a inclusão do exercício nórdico, reduziu em até 51% a incidência da lesão muscular de posteriores da coxa nesses atletas.

O exercício nórdico trabalha a fase excêntrica da contração desse grupo muscular, fase onde a musculatura está mais suscetível, como mencionado anteriormente.

Sabendo disso, a inclusão desse exercício no programa de treinamento deve ser feito por parte da equipe de treinamento. Além disso, para programas de reabilitação dessas lesões, o exercício nórdico também deve ser incluído na fase final de tratamento e mantido após a alta, de maneira a diminuir os riscos de recorrência da lesão.

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